segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lixo encontrado na rede de esgoto causa prejuízo e transtornos à população

Lixo que chega à ETE Espinheiros: limpeza é feita duas vezes por dia

Todos os dias, materiais de todo tipo – fraldas, absorventes, brinquedos, preservativos e até animais mortos – são recolhidos das redes de esgoto em Joinville. Esse mau hábito causa diversos transtornos, dentre eles entupimento da rede coletora, retorno do esgoto aos imóveis, vazamento na rua e mau cheiro.

A necessidade de desobstruções frequentes impacta diretamente no custo de manutenção das redes. “A empresa responsável por fazer a limpeza cobra um valor por serviço, que poderia ser dispensado se a população se conscientizasse de quanto o lixo causa danos na rede coletora”, afirma César Rehnolt Meyer, gerente de operação e manutenção da Águas de Joinville.

“Em certos locais, a limpeza da rede de esgoto tem de ser feita semanalmente, chegando a ser realizada, em alguns pontos, dia sim, outro não”, afirma a técnica em saneamento Dalva Schnorrenberger. A manutenção é feita para retirar lixo e também o óleo descartado pela pia, o que frequentemente ocorre em locais próximos a restaurantes.

“O óleo solidifica e forma crostas, que obstruem a tubulação”, explica. Cerca de 30% das reclamações de entupimento de rede têm como causa o óleo de cozinha jogado na pia ou vaso sanitário. Mesmo com o trabalho de educação ambiental que é feito pela Companhia, são grandes as quantidades de gordura e lixo encontradas nas redes.

O lixo jogado na rede que vai até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jarivatuba fica retido em cestos nas estações elevatórias – locais que bombeiam o esgoto até as estações – e precisa ser retirado mensal ou quinzenalmente por uma empresa terceirizada.

Parte do que é jogado na rede coletora consegue chegar à outra estação de tratamento de esgoto. Na ETE Espinheiros – uma estação nova com baixo número de ligações, que ainda não funciona a plena carga – já são encontrados diariamente papéis higiênicos, preservativos, embalagens, tampas de plástico, papéis de bala e até pedaços de brinquedos.

A retirada desse lixo grosseiro é feita duas vezes por dia, de manhã e à tarde. “Conseguimos tirar manualmente a maior parte dos sólidos, mas cabelos e pequenos plásticos podem ultrapassar a primeira fase do tratamento de esgoto, que é o gradeamento. A sujeira pode entrar e danificar as válvulas, ou queimar o rotor das bombas”, afirma Rafaela Machado Soares, técnica em saneamento da Águas de Joinville. A limpeza nas hélices dos misturadores também deve ser feita constantemente, pois um detrito acumulado pode danificar todo o sistema.

Em 2011, sacos de lixo, tubos de cola e até rodinhas de brinquedo foram alguns dos objetos removidos das tubulações do então recém-inaugurado sistema de coleta e tratamento de esgoto do Morro do Amaral. O mau uso do sistema coletor, por parte de alguns moradores, provocou o travamento e queima de pelo menos duas estações elevatórias das cinco que existem na localidade.



Um filtro para educar a população
Com base na quantidade de ordens de serviço abertas para consertos de vazamentos na rede coletora, a Companhia Águas de Joinville criou, em parceria com uma empresa especializada em PVC, um filtro educador.  Desenvolvido no ano passado, o dispositivo é instalado entre a rede do cliente e da Companhia e permite que sejam retidos os resíduos médios e grandes, deixando a água escoar normalmente.

Primeiramente, foram instalados filtros nas duas sub-bacias que mais apresentaram problemas na rede de esgoto. A instalação dos equipamentos aconteceu no dia 23 de outubro do ano passado e a partir desta data passaram a ser monitorados. Assim que foram descobertos os imóveis que causavam prejuízo à rede coletora, a coordenação de educação socioambiental da Companhia foi avisada para que realizasse a abordagem domiciliar e orientasse os moradores quanto ao uso adequado da rede.

Segundo Dalva, o filtro não é um dispositivo fixo, mas apenas um identificador do problema. “O filtro é um educador ambiental. Através dele achamos o problema, mas o que resolve a situação é a conscientização das pessoas”, afirma.

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